Termas de Longroiva

 

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BREVE HISTÓRIA DAS TERMAS DE LONGROIVA

Por Adriano Vasco Rodrigues

As águas termais de Longroiva devem ser conhecidas desde os tempos pré-históricos. Os arqueólogos, desde há muito, vêm reconhecendo em estâncias aquíferas medicinais vestígios do seu aproveitamento pelo homem pré-histórico. O povoamento desta região feito desde o Paleolítico leva-nos a pensar que estas águas não terão passado desapercebidas a esses remotos habitantes. 

Com mais certeza temos de aceitar que elas eram já conhecidas dos romanos, que ocuparam o território vizinho do castro de Longobriga, durante centenas de anos, e ali fizeram sistematicamente prospecções para identificação dos jazigos mineiros e das águas medicinais. A lenda da estátua do Banho em Longroiva, pode testemunhar o achado, neste local, de uma estatueta romana consagrada à deusa da Saúde, como era habitual ocorrer com aqueles colonizadores. 

Os romanos tinham a paixão dos banhos, não os recusando nem a pobres nem a escravos. Nas casas ricas havia piscinas e no campo, na villa rústica, tinham o balneum, isto é, o balneário destinado aos escravos, a fim de cumprirem as regras da higiene corporal.

Os banhos públicos romanos apareceram cerca de duzentos anos antes de Cristo. Havia duas espécies de balneários. Uns, criados com fins lucrativos, os balenea meritoria, exploradas por empresas privadas e as thermae, banhos públicos pertencentes ao Estado. Eram arrematadas por um empresário, conductor, que ficava com o direito de cobrar uma pequena taxa de entrada, conhecida por balneaticum. 

Acontecia com frequência que um político importante, ou um abastado cidadão, pagava ao conductor uma soma equivalente às receitas do balneaticum, tornando a utilização gratuita para o povo.

As termas romanas mais ricas compunham-se de vários compartimentos: um vestuário, o apodyterium, onde as roupas eram guardadas em nichos quadrados; uma sala de banhos frios, o frigidarium; outra de passagem, o tepidarium, com bancos de mármore, para os banhistas aguardarem na passagem para o caldarium, que era a sala dos banhos quentes. A água era aquecida em caldeirões, como aconteceu até à pouco em Longroiva. 


                                             
                                                     
Planta das Termas públicas romanas monumentais. (seg. W. H. St. John Hope)

Em algumas estâncias havia uma outra sala muito aquecida, uma verdadeira estufa, para tomar banhos de vapor, o sudatório.

Na Idade Média, logo nos primeiros reinados, as termas de Longroiva foram pertença da Ordem dos Templários, passando no tempo de D. Dinis, depois da extinção, para a Ordem de Cristo. Os banhos estavam ligados ao culto à Senhora do Torrão, padroeira de Longroiva. A capela da Senhora do Torrão situa-se no local onde os Templários abriram o primeiro templo cristão, em torno do qual estabeleceram a sua necrópole. 



                                                                                
                                                                 Casal banhando-se numa  tina, segundo uma iluminura medieval



O balneário medieval devia ser uma continuação do romano. Era muito simples, compondo-se de dois tanques, um destinado aos homens e o outro às mulheres, protegidos por uma espécie de cabanal, com a cobertura de colmo. Este sistema manteve-se até quase aos finais do séc. XIX, altura em que a Câmara construiu o actual edifício. 

A tradição diz que a Rainha Santa Isabel, vinda de Aragão para casar com D. Dinis em Trancoso, terá passado na velha estrada romana, perto de Longroiva, banhando-se aqui. Não há prova histórica de que seja verdadeira esta afirmação. Não esqueçamos também que na Idade Média os banhos privados eram tomados em tinas. Dada a alta categoria da Princesa, não é de aceitar que se banhasse no tanque público. Porém, não podemos recusar a hipótese de se banhar numa tina com água sulfurosa de Longroiva. As imagens da época, que apresentamos para ilustrar esta informação, mostram como eram então tomados os banhos privados.



                         
                        Mulher nobre, medieval, lavando-se.
                                     (seg. Viollet le Duc)



As mais remotas referências históricas ao valor medicinal das águas de Longroiva, parecem datar do séc. XVII. No séc. XVIII há algumas citações, entre elas, uma referida no Inventário do Padre Cardoso. Porém, a mais conhecida, é a feita no Mappa de Portugal, por João Bauptista de Castro (parte I e II, Lisboa, MDCCLXII). Compara estas águas ás de Monção, dizendo: 

- “Participam estas vilas de suas caldas admiráveis para enfermidades frias e para convulsões, estupores, paralisia e vertigens.”

D. Joaquim de Azevedo, em finais do séc. XVIII, refere-se às águas de Longroiva na História Eclesiástica de Lamego. 

Em 1810 devia ser degradante o estado das termas. Por isso, a Junta de Paróquia, à custa das esmolas dadas à Senhora do Torrão, reconstruiu o estabelecimento balnear de tipo romano, com os dois tanques, um para homens e outro para mulheres. Os banhistas sentavam-se no interior em bancos de pedra. Com o rendimento dos banhos, que eram pagos pelos de fora do lugar e sempre foram gratuitos (os frescos) para os longroivenses, fazia-se a festa à Senhora do Torrão, no dia 8 de Setembro, coincidindo com o final da 2.ª época balnear. 

Em 1815, o Dr. Manuel José Lobão, corregedor de Trancoso e natural da então anexa de Longroiva, a actual freguesia de Santa Comba, (hoje no concelho de Vila Nova de Foz Côa), mandou reparar os banhos. 

No primeiro quartel do séc. XIX, em 1821, foram as termas objecto de uma memória apresentada à Academia das Ciências (Memórias, tomo IV - 1821), por José Pinto Rebelo de Carvalho. 

Este senhor consagra o poema filosófico, As águas minerais de Longroiva à Senhora Dona Anna Rachel Cid Leite Madureira. O poema, datado de Coimbra - 1821 - foi também publicado no “Cidadão Literato”. 

Em 1844-45, Magalhães e Vasconcelos, na Revista Universal Lisbonense (tomo IV), publicou um artigo sobre Longroiva e as suas águas minerais, acompanhado de uma vista da parte alta da povoação e o seu castelo. Reproduzimo-lo no livro Terras de Meda.

Desde então, enciclopédias e estudos hídricos, referem as termas de Longroiva. 

Citamos a Topographia médica da cidade da Guarda, de Francisco António da Cunha, publicada nos Annais da Saúde Pública do Reino, editada em Lisboa em 1841 - tomo I, pág. 42 e o Catálogo da Exposição Nacional de Indústrias Fabris de Lisboa, 1888, por Severiano Monteiro e José A. Barata (Lisboa 1889). 

De 1878 a 1881, a Câmara Municipal da Meda (concelho então recentemente constituído à custa do desmembramento dos de Longroiva, Marialva, Casteição, Ranhados e Aveloso), construiu em Longroiva um edifício termal, segundo um projecto moderno, comparticipando com 18 000 $ 000 reis. A gente de Longroiva trabalhou gratuitamente na obra, colaborando no transporte da pedra e nos trabalhos de desaterro.

O balneário ficava no rés-do-chão. A água era aquecida em caldeirões. Servia assim para tratar o reumatismo. A temperatura normal da água era de 26º. Os tanques colectivos acabaram por dar lugar a quartos individuais ou de casal, com banheiras. No primeiro andar situavam-se os quartos para os banhistas, alguns com cozinhas anexas. Havia um salão nobre para recepções, encimado com as Armas Reais, esculpidas em madeira. Guardam-se na sede da Junta de Freguesia. Outro amplo salão, com palco, destinava-se a espectáculos. No segundo andar também havia quartos individuais e de casal. 

As obras no interior do edifício jamais foram concluídas. Nunca a Câmara nomeou um médico para assistir aos doentes nos períodos termais, conforme era vontade da Junta de Paróquia ou da Freguesia. 

Desconhecemos o acordo que a Junta terá feito em 1878 com a Câmara. A Junta de Paróquia e depois de 1910, a Junta de Freguesia, nunca abdicou do direito dos banhos, evocando que nas obras feitas pela Câmara trabalharam gratuitamente cidadãos de Longroiva. Também nunca o Povo abdicou do direito de tomar gratuitamente os banhos tépidos ou “frios”. Por mais de uma vez se pôs o problema da venda das termas a empresa privada. A Junta opôs-se a essa venda, embora nunca se tivesse oposto a que a Câmara arrematasse anualmente as termas a um concessionário provisório. As caldas de Longroiva foram sempre consideradas um bem da Povoação. 

Em 7 de Maio de 1911, o Presidente da Junta de Freguesia de Longroiva, Luís Gaspar Alves Martins, propunha que fosse requerida à Comissão Municipal da Meda a criação de um posto médico de apoio às termas de Longroiva. A acta da sessão ordinária de 4 de Junho de 1911, presidida por Luís Martins, começa assim: “Ao primeiro ano da República de mil novecentos e onze”... 

Em 1919, segundo um anúncio publicado no jornal O Marcial, referem-se as termas de Longroiva.


Preço dos banhos:    Frescos (15º)  -   8 centavos 

Quentes (40º) - 14 centavos 

Para Pobres   -   5 centavos


Chama-se também a atenção aos Senhores banhistas para o factor de poderem aproveitar as “águas férreas”.

Desde finais do século passado, até aos anos quarenta, os Banhos de Longroiva atraíram inúmeros banhistas de Trás-os-Montes, Beira Douro e Alto Douro. Vinham famílias de Moncorvo, Vila Flor, Mogadouro, Vila Nova de Foz Côa, Almendra, Vilar de Amargo, Muxagata, Freixo de Numão, Cedovim, Meda, Porto, Lisboa, etc. D. José Pessanha, que ali tinha um casal, fazia anualmente a sua quinzena de águas. As pessoas anémicas iam às águas férreas beber um copinho e passear depois da ceia. Os veraneantes iam à fonte da Concelha, ao adro e ao Outeiro Gordo, onde se faziam jogos de roda e as conversas entre os jovens se prolongavam pelas noites cálidas de estio. 

Nunca houve em Longroiva estalagem ou pensão. Os banhistas aboletavam-se em casas particulares, ao farnel e pagando o aluguer dos quartos. 

Depois dos anos quarenta acentuou-se a degradação das termas e a Câmara não foi capaz de ajudar a transformar Longroiva numa estância termal capaz ou de repouso. A frequência dos banhos decaiu. Outros centros passaram a atrair os banhistas. Só gente pobre continuava a aparecer e os que tinham a possibilidade de se deslocar de carro para tomar o seu banho. 

A seguir ao 25 de Abril, em que o poder popular se afirmou de maneira positiva e, algumas vezes, também negativa, o Povo de Longroiva reagiu e muito bem, contra a Câmara, reclamando direito às Caldas, que o Município tinha usurpado sem benefícios para a povoação. As termas foram ocupadas pelo Povo, com toda a legitimidade. Felizmente o diferendo veio a encontrar uma plataforma de entendimento com a eleição, para a Presidência da Câmara, do Sr. Luís Lopes, um filho de Longroiva.

Então foram feitas obras de beneficiação do edifício e encomendado um projecto para um imóvel capaz de resolver o da estância termal. Ao insigne investigador, Prof. Doutor Ramiro Valentim, da Faculdade de Medicina do Porto e uma das maiores autoridades nacionais na matéria, foi solicitado o estudo médico-experimental das águas de Longroiva a fim de avaliar das suas reais possibilidades. 

Mais tarde, o controlo científico das análises passou a ser feito por especialistas da Universidade da Beira Interior. 

As últimas sondas para exploração aumentaram o caudal por minuto e obtiveram águas com temperaturas superiores a 40 graus, o que permite fazer os tratamentos sem o seu aquecimento artificial.

A União Europeia defende a valorização das estâncias de águas medicinais, considerando-as mais económicas, naturais e eficientes do que os produtos farmacêuticos. Nesse sentido vem subsidiando o aproveitamento das estações termais.

Reunidas as condições científicas que permitem criar em Longroiva, com o empenhamento do Estado, uma grande estação balnear e de repouso, avançou-se, em 2001, para a sua realização, com o patrocínio do Coordenador do Procôa, Engº Feliciano Martins (Acção Integrada de Base Territorial), o empenhamento do Presidente da Câmara Municipal, Dr. João Leal Pinto e a determinação do Presidente da Junta de Freguesia de Longroiva, Manuel Soares e do Vogal Alfredo Prior, que teve um papel muito importante, mobilizador e reivindicativo dos direitos, que pela posse tradicional das águas termais tinha Longroiva, vindo a ser criada uma Empresa Municipal, em que participam a Câmara Municipal da Meda e a Junta de Freguesia de Longroiva. Tive a honra de intervir, a convite da Junta, nos debates, ao lado do distinto advogado longroivense, Dr. Nuno de Santa Maria Pascoal, que brilhantemente defendeu os interesses de Longroiva. É de justiça reconhecer que o projecto não seria viável sem o apoio do Presidente do Procôa e a compreensão do Presidente do Município, aceitando as reivindicações da Junta de Freguesia de Longroiva.

Além das águas termais sulfúreas de Longroiva, possui a freguesia outras variedades. Perto do ribeiro do Gricho há uma nascente de águas purgativas; no ribeiro da Concelha e no da Fonte Ferrada há águas férreas. A Fonte Nova, perto do Valoiro é de águas minerais. A Concelha possui uma água potável leve e muito apreciada. 

A composição dos solos liga-se à sua riqueza aquífera. Antes do início da 2.ª Guerra Mundial, um alemão pretendeu fazer uma plantação de chá na encosta do ribeiro do Gricho e do Barral (onde se situam as águas purgativas), considerando este terreno excelente para tal fim.

Desde o séc. XVIII as Termas de Longroiva atraíram forasteiros, que aqui vinham veranear e tomar banhos. As Termas de Longroiva convenientemente aproveitadas representam uma extraordinária valorização para esta antiga vila e para o concelho da Meda, onde hoje se integra. 

Uma velhíssima quadra exalta os mais apreciados valores que guarda esta histórica vila:


Há três coisas em Longroiva 
Que
bem empregadas são... 
São os sinos e as águas 
E a Senhora do Torrão!